1 de julho de 2007

Um dia chuvoso





Tinha a sensação de que era um sonho mas por mais que quisesse acordar, despertar, não conseguia.
Sentia sua respiração cada vez mais ofegante, como se perdesse o fôlego aos poucos, e seu coração batendo cada vez mais forte embora o ritmo não fosse acelerado. E ainda tinha sensação de estar se debatendo, embora não estivesse se movendo, e ainda que não tivesse certeza se era real ou sonho, se tudo aquilo que acreditava estar sentindo era verdade ou uma peça pregada por sua mente.
Se sentia estranha, e se perguntou se aquelas sensações poderiam ser reais ou se poderia acreditar que tudo não passava de um sonho. Sonho? Mas não havia nenhuma imagem formada em seus pensamentos... então como poderia ser um sonho?
Ainda tentava acordar e realmente queria se debater, mas tudo em vão. E foi então que percebeu que não era um sonho.
Se lembrou de que o vinho, única coisa que havia tomado, estava com um gosto um pouco diferente do que estava acostumada a sentir e a sua cor também não lhe parecia muito agradável, mas não se preocupou em saber o que era aquilo, afinal de contas, havia sido a pessoa que mais confiava e amava que havia lhe servido a bebida.
Aos poucos seu coração foi batendo cada vez mais devagar e com mais força, tanta força que até podia ouví-lo, aliás era a única coisa que conseguia ouvir. E por mais que tentasse respirar mais profundamente e mais vezes, seu corpo já não correspondia como gostaria e todo o seu esforço era em vão pois sua respiração também estava cada vez mais fraca.
Já não tinha mais forças e seu coração havia parado. Não tinha mais nenhuma reação.
Foi então que o travesseiro que a estava sufocando foi retirado de seu rosto e seu último movimento foi olhar dentro dos olhos negros e frios de sua companheira e deixar uma lágrima cair enquanto sua cabeça pendia para o lado já em sinal de seu último suspiro de vida, enquanto sua companheira observava sem ao menos demonstrar qualquer tipo de arrependimento.
Se levantou apenas quando teve a certeza de que tudo havia terminado, fechou os olhos de sua amada e arrumou sua cabeça no travesseiro fazendo com que parecesse que ela estava apenas dormindo. Foi até a sala, se serviu de uma taça de conhaque, acendeu um charuto e se sentou em frente à lareira observando a chuva fina que caía.

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