30 de junho de 2007

A glória de um touro (eiro)

Enquanto estava caído no chão, sentia que seu coração palpitava e sua respiração era ofegante, ele olhava nos olhos da fera que podia sentir o cheiro de seu medo e já não conseguia esconder sua vontade de atacar.
Cambaleando, o toureiro levanta para enfrentar o touro, já sentindo que aquela seria sua última batalha, sua última glória.
Já não ouvia mais nada, nem o grito que vinha das arquibancadas, nem o mugido de dor que o touro ferido soltava graças aos espetos que em seu dorso estavam cravados; ouvia apenas seu coração que batia cada vez mais forte, em um ritmo cada vez mais acelerado.
A fera o olhava com ódio nos olhos e sem que o toureiro terminasse de se levantar, respirou fundo, se preparou, e avançou com toda força que ainda lhe restava.
O toureiro, já sem forças, esgotado, apenas se levanta, abre os braços, fechando seus olhos aguardando a morte que chega cada vez mais perto a cada passo que o touro dá.
A platéia toda em silêncio, apreensiva, não acreditava que o toureiro, tão valente, se deixaria derrotar por um touro, apenas mais um touro como tantos que havia derrotado antes...
E, naquele que seria seu último suspiro, solta um grito de adeus, enquanto podia sentir o calor de suas lágrimas caindo pelo seu rosto.
O touro, cada vez mais perto, também podia sentir que aquela seria a última batalha do toureiro, e sem piedade o atinge em um único golpe, mortal e fulminante no peito, atingindo seu coração; como se soubesse que desta maneira o toureiro não teria como escapar.
O toureiro ainda olha mais uma vez, a última vez, nos olhos do touro, como se esta batalha quem havia ganhado era ele e não a fera, antes de cair já desfalecido no chão.
A platéia, antes muda, agora solta um grito de compaixão que se mistura as lágrimas derramadas e tudo que se podia ver eram as rosas sendo jogadas sobre o corpo do toureiro, que entregou sua vida como se fosse um herói.

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